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O MANGUEBEAT

  • alexsandrorbarros
  • 10 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 17 de jun. de 2019

"Os rios crescem todos os dias, junto com a marginalidade da fome, embaixo os caranguejos ficarem espumando e os homens ficarem babando. É a espuma e a baba da fome. A geografia cotidiana mostra que o Brasil está afundando na lama."



O Movimento Manguebeat desenvolveu-se em Recife, capital do estado de Pernambuco, a partir de 1991, e consistiu em uma “cena cultural”, especialmente de corte musical, que misturava elementos da cultura regional de Pernambuco, como o maracatu rural, com a cultura pop, sobretudo o rock'n roll e o hip-hop. O Manguebeat também desenvolveu uma forma própria de exprimir visualmente essa mistura


Os principais idealizadores da cena manguebeat foram Chico Science, Fred Zero Quatro, Renato L, Mabuse e Héder Aragão. Somaram-se a eles Jorge du Peixe, Pupilo, Lúcio Maia, Toca Ogan, Gilmar Bola 8, Gustavo da Lua, Otto, entre outros. O termo “manguebeat” é fruto de uma junção da palavra mangue, que designa um ecossistema típico da costa do Nordeste brasileiro e da cidade de Recife, com a palavra beat, do inglês, que significa batida – mas que também remete à linguagem dos códigos binários utilizados na informática: beat, bits. O caranguejo, forma de vida típica do mangue (ou da lama dos manguezais), que é capturado e vendido por trabalhadores da região, tornou-se o símbolo do Manguebeat. Inclusive, o principal manifesto desse movimento cultural, escrito por Fred Zero Quatro, tem o título de “Caranguejos com cérebro”.


A denominação manguebeat pretendia tornar clara a proposta desse manifesto. Nele, Zero Quatro afirma que as “artérias” da cultura do Recife estavam “bloqueadas”, que Recife “estava morrendo” econômica e culturalmente e que, portanto, era necessário revitalizar a cultura da cidade, misturando o tradicional com o moderno.


R. da Aurora - Boa Vista

“Sonhar é acordar-se para dentro”, já dizia Mario Quintana.

O "Antenado" Chico Science



Criado em Rio Doce, subúrbio de Olinda, filho de um enfermeiro, ex-vereador e líder comunitário, Chico Science cresceu e formou sua identidade cultural entre os becos das casas populares e as manifestações de rua. “Antenado”, conseguiu interpretar a realidade e carências de uma geração recém saída de uma ditadura militar de 21 anos, que roubou, aprisionou e escondeu o que havia de mais avançado em nossa cultura até então. Com a censura e o controle dos meios de comunicação pelo regime, era difícil ter acesso até mesmo a discos e livros considerados “subversivos”, ausência que marcou a infância da geração de Chico (ele contava com 13 anos quando a censura foi extinta e decretada a Lei da Anistia).




Quadro encontrado na decoração da Loja Período Fértil

Chico Science soube trazer para o centro do debate a necessidade de se valorizar a nossa cultura local de verdade. Ver a influência deixada por ele após a explosão do Manguebeat, e que se espalha até hoje, mostra o quanto sua obra teve profundidade, e o quanto ainda é moderna e atual. Chico cantou a cidade, o mangue, o morro, os anseios da juventude e hoje está mais presente do que nunca



Grite poesias

Que eu te amarei

Até a minha ida


Grite poesias

Que o mundo tem a palavra

Que você pode escrever...


Grite poesias, grite poesias...





Leitura


O Malungo Chico Science

*O termo malungo remete À história dos negros escravos, vindos para o Brasil nos chamados navios negreiros. Era assim que eles se chamavam, tanto nas embarcações quanto nos quilombos. O nome significa companheiro.

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